A casa. Amanhece. Um copo d’água, arrumo a cama para iniciar mais um dia. Novo. Fresco, como todos eles. A yoga me acompanha há 13 anos, agora em novo formato. Logo cedo, me preparo para mais uma hora de prática. O corpo ainda adormecido vai sendo solicitado gradativamente, a mente parceira procura absorver e transmitir com precisão cada detalhe da sequência de posturas que se sucedem numa cadência coerente e harmoniosa. O som do mantra embala o desafio mental, emocional, fisiológico, e me prepara para mais esse dia de ofício. A série de posturas exercida a pouco se refaz agora em cada movimento, dá o tom do dia nas tarefas que se sucedem já lá, no outro ambiente.
O ateliê. Nesse novo espaço as ferramentas são outras, o percurso é diverso, os odores peculiares. O mesmo ser, eu, transita nesse novo tão velho e conhecido lugar, se apropria e manuseia as ferramentas com a consciência adquirida no resiliente, contínuo, perseverante exercício meditativo da yoga. Lá e cá a prática se revela essência da condição de evolução criativa, cognitiva, da apreensão mais precisa de novas habilidades no manuseio de ferramentas, da melhor compreensão das possibilidades oferecidas pela matéria prima escolhida. Madeira, máquina, macete, mãos se unem em uma coreografia potente, coerente, certeira.
Julia Krantz