Nada convencional.
Maria mãe, Maria alemã, Maria borboleta.
Mulher do mundo, me trouxe ao mundo. Trouxe ao meu mundo a riqueza de estímulos sensoriais, sociais, afetivos. Uma infância permeada de experiências, da observação solitária dos percursos traçados pelas formigas em seu ofício incessante às produções de peças de teatro incríveis com minha irmã e todas as crianças da rua sem saída onde morávamos.
Livres, éramos. Livres de pensamento, livres para inventar, rir, pintar as paredes de casa, ouvir Beatles e Gil no último volume, balançar na rede, costurar fantasias de carnaval, brincar na rua até anoitecer. E nas viagens anuais à Europa sentir o cheiro da sua infância, ouvir o som áspero, intenso da sua língua natal, entrar nesse mundo estranho a nós, ao mesmo tempo tão familiar.
Uma infância vasta, eclética, tão rica em sabores foi desenhando em mim a memória aglutinada de idéias, uma mente que só deseja ouvir e aprender, um coração que não se cansa de sorrir e chorar e amar.
Dorme, mami borboleta.
Te amo.
Julia Krantz