O momento pede reflexão. Em que transformamos nossas sociedades, este mundo? O distanciamento entre o ser humano e a natureza grita na forma de catástrofes, naturais ou não, que nos alertam para a urgência de uma transformação abissal da maneira como conduzimos nossas vidas e as relações com os da mesma espécie e com os de outras espécies.
Religiões que nos suprimem e apequenam, sistemas políticos focados unicamente no acúmulo ganancioso de poder, formato de educação que nos poda e restringe, promove a autocensura, o alienamento, o desinteresse e a preguiça.
O tempo parou com essa nova e surpreendente pandemia. O tempo nos dá neste momento um espaço interno do não movimento que promove a chance de repensar, de ensaiar a mudança radical de atitude. Mais uma vez nos vemos diante da possibilidade de refazer nossas escolhas, de optar por um novo caminho de maior cooperação, afeto, consciência e disposição para reestruturar uma sociedade menos desigual, menos intransigente, menos consumista, menos mentirosa. O momento pede reflexão. Mas pede a partir dela ações efetivas que nos tirem da apatia, da espera, da mania de delegar ao outro aquilo que podemos transformar com nossas próprias mãos. O poder criativo é inerente ao humano, e nunca foi tão vital colocar em prática nossa condição de seres pensantes em realizações efetivas e relevantes. A música, a gastronomia, a engenharia, a medicina, o teatro, e no meu caso o desenho e a escultura transformam idéias em substância. “Fazer é Pensar” diria Richard Sennett. Mãos à obra. Mãos na obra.
Julia Krantz